domingo, 12 de abril de 2009

Zappeando No Domingão (3)

Mais um domingão pra ficar zappado...
Dessa vez quem fez o texto foi o cidadão que mais freqüenta a caixa de comentários dessa birosca atualmente: Lawrence David, o ZappaManíaco do pedaço.
Deixem seus comentários apoiando a contratação, ou não, desse maluco – lembrando que, no caso da contratação, ele terá que fazer a conversão e o câmbio de kuanzas para pesetas venusianas (sic) por sua própria conta e risco.
Sem mais blá-blá-blá – vamos ao texto.


Zappices


Tem coisas que o só o Zappa fez. Ninguém mais ousou. Será que ainda ousarão? Provocar a conservadora classe média americana, toda poderosa irmandade do bem estar social, dos bons costumes e da vida sempre próspera. Poucos ousaram ir tão fundo. Ele quer provocá-la, ofendê-la, colocá-la na roda pra que seus valores sejam pervertidos ou desmistificados. Para obter sucesso ele usa várias estratégias.
Subverte-se o significado de música pop. Ao invés de agradar, o pop deve desafiar a ordem. É um mainstream inconforme. O próprio Zappa sempre alertou que seu som poderia ser bastante comercial, e de uma forma o é para um grupo fanático que enlouquece com suas obras musicais, que são uma síntese do século XX: blues, rock, um toque de erudição, um cheiro bom de jazz, e o instrumento que sintetiza tudo isso: a Guitarra. As tendências de cada um dos gêneros transmutam-se igualmente: politonalismo, atonalismo, música incidental e conceitual, e um bizarro gosto por Edgar Varèse. Essa é uma de suas estratégias.
Mas a mais contundente delas é escancarar as perversões e taras sexuais do norte-americano médio. Ignora-se a moral vigente, o tabu do incesto, tudo o que é normal e, com muito cinismo, se mostra o que está por trás do aparente. Como é falsa a idéia de tranqüilidade e equilíbrio. Zumbis sexômanos, bonecas de plástico, frigidez feminina, títulos de canções como ‘Prometo Não Gozar Na Sua Boca’, ‘O Êxtase Hardcore de Carolina’, ‘Garotas Católicas’, ‘Prostituta Adolescente’ ou ‘Pinguim Insensível’, vão traçando o perfil de uma sociedade hipócrita, estéril culturalmente e altamente autoritária.
O inconformismo não para por aí. Ele mete o dedo na ferida e desvela as principais mazelas da dominação das massas por uma burguesia insensível e corrupta. Já em ‘Brown Shoes Don’t Make It’, de 1967, ele conta a história de uma pai de família que é todo certinho mas tem uma amante menor de idade. ‘Quem são os policiais do teu cérebro?’, pergunta em seu álbum de estréia. Vivemos cercados por ‘Pessoas de Plástico’, verdadeiros vegetais, que só falam abobrinhas. O movimento hippie, para Zappa, não passa de um bando de adolescentes drogados que se sujeita a apanhar da polícia em suas ridículas manifestações.
É, ele é um tanto niilista, descrê de tudo, é muito sui-generis e às vezes exagera. No álbum 'Sheik Yerbouti', de 1978, ele mexe com todo mundo: com os ricaços em (‘I'm So Cute’) (sou tão fino); com Peter Frampton, transformando ‘I’m In You’ (eu estou em você) em ‘I Have Been In You’ (eu estive em você); com Bob Dylan em ‘Flakes’ (idiotas), com a onda Disco em ‘Dancin’ Fool’ (tolo dançante); nem o Complexo de Jocasta escapou em ‘Yo Mama’ (sua mamãe), onde ele recomenda que o filho não saia mais de casa para ser eternamente protegido pela genitora. Mas a canção que despertou maior ira foi ‘Bobby Brown’, onde ele simplesmente conta a história de um maioral do colégio que resolve transar com uma lésbica que lhe extirpa os testículos e acaba virando homossexual e disc jockey. Nada politicamente correto, senhor Zappa. Ainda assim, muito artístico, irônico e chocante, como só Zappa costumava ser.
E o cara ainda aprontou muitas outras. Produziu, dirigiu e protagonizou vários filmes como ‘Uncle Meat’, onde ele expõe visualmente seu ‘Projeto-Objeto’, isto é, uma obra enorme e continuada aonde vai variando literária e musicalmente os mesmos temas, sempre mudando um pouco, aperfeiçoando. Filmou ‘200 Motels’ em que Ringo Starr faz o papel de Zappa e Keith Moon o de uma freira. É uma descrição do cotidiano de uma banda na estrada.

Enfim, poderíamos falar de muitas outras facetas nos mais de 80 álbuns oficiais, no seu alter ego desenhista Carl Schenkel que fez muitas de suas capas (e o storyboard de ‘Billy The Mountain’), da ópera-rock que conta sobre um tempo em que a música se tornou ilegal e as pessoas transam com eletrodomésticos, mas esses são papos para uma próxima conversa.
Saudações Zappísticas.

Texto por Lawrence David
Links por Diego 'Progshine' Camargo

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9 comentários:

Anônimo disse...

Pessoal, vocês tem que ouvir Tits And Beer do Zappa In New York, hilário rsrs

Lawrence David disse...

Parece que ninguém gostou de meus comentários sobre o Zappa rsrsrsrs. Vou desistir da carreira de escritor ...

Maria Dias disse...

Entao é aqui nesta gruta q tu se esconde é?rsrsrs...

Ao menos agora já sei onde encontrar o senhor!

Marcello 'Maddy Lee' disse...

Faaaaaaaala, El Pateta!
Realmente hilário, como muito da obra do maluco.

Graaaaaaaaande Lourenço!
Desistir, jamais! Sempre existirão as colunas de obituários... KKKKKKKKKKK

Querida Milady!
Me achou aqui, é? Isso porque eu já te passei o endereço desse blog ao menos duas vezes...

Abraços pros maluco, beijo pra mocinha.
Valeu!
ML

Lawrence David disse...

"Coloque seu pinto pra foora"! "O que?" "Coloque seu pinto pra fora" "Eu não estou segurando meu pinto""Quem está segurando seu pinto?" ... "Hei, Dale, Você gostaria de vir aqui e sugurar meu pinto pra satisfazer esse maluco?"....

Marcello 'Maddy Lee' disse...

Juro que faltou isso aqui () pra eu não publicar esse comentário... Mas como é ilustrativo, então... rsrsrsrsrsrs
Abração, Lourenço!
Aleu!
ML

woody disse...

É sempre bom ver o mestre Frank, na área!

Abraço,
WOODY

Marcello 'Maddy Lee' disse...

Graaaaaaaaaaande Woody!
Saiu do ninho, meu camarada?! rsrsrs
Com o bom e velho Frank 'Nappa' não tem erro!! rsrsrs
Vê se não some, maluKo!
Grande abraço.
ML

Lawrence David disse...

Aí, Woody, vai movimentar a tua birosca lá, ou Morreu?

Saudações Zappísticas!

LD