
Como muitos da minha geração, tomei conhecimento sobre o
Le Orme através da
Rádio Eldorado (a
EldoP
op-pop-pop... com ‘équio’ - rsrsrsrsrs). Sabe como é: anos 70, ditadura, artigos importados eram raros e caros, não existia MTV, PCs, celulares, essas coisas... Confesso que minhas primeiras impressões não foram assim tão boas, achei a voz do cara meio enjoada e ele ainda cantava em italiano, o que não ajudava em nada... Mas era mais do que evidente a qualidade dos músicos.

Desde que comecei a comprar discos em lojas especializadas eu via um disco ou outro deles, quase sempre o ‘
Collage’, com aquela capa meio esquisita, os caras pintados de branco, parecendo fantasmas num cemitério... Eu achava muito fora de propósito aquela imagem e eu queria mesmo era rock progressivo nos moldes de
Yes ou
Pink Floyd.
Até que num certo dia um amigo me apresentou o ‘
Storia Di Um Minuto’ do
PFM e foi paixão à primeira ouvida, graças, principalmente, ao violino de
Mauro Pagani.

Daí pra frente eu fiquei com os ouvidos mais abertos para outros línguas que não o inglês e finalmente resolvi experimentar o
Le Orme. Não me lembro exatamente em qual loja, mas lembro de ter escutado de uma só vez ‘
Collage’, ‘
Uomo Di Pezza’ e ‘
Felona E Sorona’. Alguns dias depois voltei na tal loja e saí de lá com esses três mais o ‘
Contrappunti’. Eu continuei achando (hoje acho menos) a voz do
Aldo Tagliapietra um tanto ou quanto enjoada, principalmente depois de várias audições seguidas, mas as músicas sempre foram boas demais para serem ignoradas; afinal eles não são uma das três principais bandas de rock progressivo italiano de todos os tempos à toa...

A história do
Le Orme se iniciou em meados da década de 60, quando faziam um pop/rock de muita classe e com algumas pitadas psicodélicas; nessa época era um quinteto, for

mado por
Aldo Tagliapietra (vocais, violão, flauta e celeste),
Toni Pagliuca (teclados),
Nino Smeraldi (guitarras e vocais),
Claudio Galieti (baixo, guitarra, violoncelo, e vocais) e
Michi Dei Rossi (bateria e percussões). Depois de alguns compactos que não venderam lá grandes coisas e outros que conseguiram algum sucesso, lançaram seu primeiro disco em 1969, ‘
Ad Gloriam’. Pouco tempo depois
Nino teve que cumprir suas obrigações militares e deu adeus à banda;
Claudio os deixou em pouco menos de um ano depois; ficando assim o núcleo que levaria o
Le Orme através dos tempos e vários discos:
Aldo Tagliapietra,
Toni Pagliuca e
Michi Dei Rossi. A proposta musical se tornou outra, uma mistura de rock com música clássica, folk e baladas, um som bem c

alcado em teclados, mas não deixando de lado os violões e outros instrumentos, fazendo um prog totalmente autêntico. Tiveram também alguma influência das bandas britânicas de rock progressivo que eram suas contemporâneas, como
Yes,
ELP e
Van Der Graaf Generator. Alcançaram alguma fama com o primeiro disco lançado com essa formação (‘
Collage’) e a turnê do disco seguinte (‘
Uomo Di Pezza’) passou por vários países da
Europa, com grande sucesso, o que os levou a ganhar seu primeiro disco de ouro. Nesta mesma turnê o genial
Peter Hammill participou de uma boa parte de um show do
Le Orme, tocando guitarra e teclados.
Depois de alcançado o sucesso internacional, eles continuaram a lançar ótimos discos e a excursionar. A partir do álbum ‘
Smogmagica’ a banda cresceu; prim

eiro com a entrada de
Tolo Marton nas guitarras, que logo deu lugar a
Germano Serafin que, além da guitarra, também tocava instrumentos como o violino e baixo, entre outros. Com essa formação continuaram até ‘
Piccola Rapsodia Dell’Ape’, de 1980, mas pouco tempo depois eles resolveram dar um fim à banda.
Aqui vale um daqueles parênteses: o
Le Orme talvez tenha sido a única das grandes bandas de rock progressivo que passou ilesa pelos anos 80, porque eles simplesmente saíram de cena, poupando-nos assim do constrangimento pelo que passaram 99% das outras bandas.

Em 1990 eles ensaiaram uma volta com o disco ‘
Orme’ (bem
marromeno). Algum tempo depois
Toni Pagliuca deixou a banda definitivamente. Mas eles continuaram na ativa; desta vez com dois tecladistas,
Francesco Sartori e
Michele Bon. Em 1996 lançaram um álbum surpreendentemente bom, ‘
Il Fiume’, onde retomaram a força antiga, mas sem deixar de ter toques de modernidade em seu som. Já no disco seguinte
Francesco Sartori saiu para entrada de
Andrea Bassato (teclados e violino).

Os três últimos discos (‘
Il Fiume’, ‘
Elementi’ e ‘
L’Infinito’) fazem parte de uma trilogia dedicada ao desenvolvimento e evolução do Homem.
Finalmente, em 2008, mais de 40 anos após se juntarem ao
Le Orme,
Tagliapietra e
Dei Rossi continuam tocando e cheios de projetos, como o lançamento de um DVD de um show de 2005 e mais shows por todo o mundo.
Bassato deixou a banda no começo deste ano e eles resolveram voltar a ser um trio, definitivamente. Ou pelo menos enquanto as boas idéias durarem... Vida longa ao
Le Orme!

Entre os discos disponibilizados aqui estão alguns ripados por mim, com os habituais VBR 224/320 e encartes completos, mas a maioria deles eu peguei em vários outros blogs nos últimos anos. Divirtam-se!
ProgArchivesLinks (4,44kb) –
Sharebee ou
SharebeeAqui vai um link direto pro
Progshine, aonde estão postados os álbuns '
Venerdi' e '
Amico De Ieri'.