Fronteiras do Universo I: A Bússola Dourada(His Dark Materials 1: Northern Lights)
Philip Pullman
1995
Editora Objetiva
Em breve estreará nos cinemas o filme ‘
A Bússsola de Ouro’, baseado no livro de mesmo nome de
Philip Pullman. ‘
A Bússola de Ouro’ é o primeiro volume da trilogia ‘
Fronteiras do Universo’, que tem ‘
A Faca Sutil’ e ‘
A Luneta Âmbar’ como segundo e terceiro volumes, respectivamente.
Muitos comparam o autor a
Tolkien e
C. S. Lewis, talvez por ser professor em Oxford, assim como foram os ou

tros, mas, sinceramente, em minha opinião, ele está mais para
Philip K. Dick,
Frank Herbert e
Lewis Carroll, ou, melhor, uma grande mistura de todos esses três, principalmente porque a obra é um grande e consistente amálgama dos universos da
Fantasia e da
Ficção Científica.
É engraçado como sempre procuramos referências para o que é novo, fazemos essas comparações para adequar melhor nossos conhecimentos, mesmo quando, como nesse caso, se trata de algo inteiramente novo, inédito e singular. Como tudo que vem surgindo desde a metade do século XX para cá, é bem difícil se livrar das influências de mestres com suas obras já consolidadas através do tempo, é assim com a música, não poderia deixar de ser com a literatura; cabe a nós separar o que é mera cópia do que é realmente original.
A história de ‘
A Bússola de Ouro’ se passa em um universo paralelo, parecido com o nosso, mas diferente em vários aspectos; nele todas as pessoas tem um
daemon, que na forma de um animal, faz parte de cada ser, como se fossem unos, uma manifestação da alma e personalidade de cada pessoa. Esse mundo é regido com mão de ferro pela Igreja, o
Magisterium, de modo que quem é contra ela, e seus dogmas, é considerado herege e é, consequentemente, um proscrito. A aventura de
Lyra Belacqua, começa na Inglaterra, mais precisamente em Oxford, e termina no Pólo Norte, onde experimentos com a aurora boreal e partículas elementares (chamadas aqui de ‘
Pó’ e no segundo volume, quando estão no nosso universo, é chamado de ‘
Matéria Escura’) podem mudar o destino de todos os universos paralelos, onde
Lyra tem papel fundamental em várias passagens. Por trás do que seria uma aventura dirigida a um público infanto-juvenil, muitas questões profundas são discutidas e servem de pano de fundo para uma intrincada trama; o livre pensamento, a liberdade de movimentos, toda a questão religiosa, as crenças e o modo como cada pessoa encara esses temas, entre várias outras questões filosóficas, éticas e morais fazem dessa obra algo muito maior do que, por exemplo, toda a série dedicada às aventuras de
Harry Potter, e servem para todas as idades, reservando sempre novas surpresas conforme a experiência e cultura de cada leitor.

Quanto ao filme, é claro que uma adaptação nem sempre é totalmente fiel ao livro, seria impossível colocar em poucas horas tanta informação e tantos detalhes, e provavelmente muita coisa foi ‘suavizada’, para poder agradar a todos, mas é garantia de diversão e muitos efeitos especiais, com certeza, ainda mais tendo no elenco as maravilhosas
Nicole Kidman, como a vilã
Sra. Coulter, e
Eva Green, como a bruxa
Serafina Pekkala, além do novo James Bond,
Daniel Craig, como
Lorde Asriel, e também da voz de
Ian McKellen (não sei exatamente qual personagem, mas imagino que seja o urso de armadura
Iorek Byrnison).
Para finalizar, vou transcrever aqui a citação que abre a série.
“
Nesse abismo selvagem, seio da natureza,e, talvez, seu túmulo, nesse abismo que não é nem mar, nem terra, nem ar, nem fogo, mas todos esses elementos confusamente misturados nas suas causas fecundas, que devem lutar sempre assim, a menos que o todo-poderoso Criador ordene aos seus negros materiais que criem novos mundos; nesse abismo selvagem, Satanás, o cauteloso inimigo, mantém-se à beira do inferno, contempla-o algum tempo, refletindo sobre a sua viagem...”
John Milton:
O Paraíso Perdido, Livro II